
Meus olhos turvam ante ao vazio. Claro que há saudade dos tempos alegres. Mas me pretendo livre do passado. Gosto de acreditar que já não sou o mesmo. Tenho afinal crescido. Eu olho o tempo transcorrendo e sei que você virá. De alguma forma você virá acalentar as minhas esperanças. Ouço tua voz ecoando na distância. Tão forte em suas ondas que rompem o dique que protege meu peito da arrebentação. E eu me deixo ir até o mar. Volto exaurido, mas ansioso por mais um mergulho. Hoje posso contar o meu caminho. Não tem tantas curvas como outrora. Sigo a estrada até sua órbita onde meus anseios flutuam em harmonia. Das vezes que não me quis, prefiro esquecer. Você não precisa me entender. O som que percorre as minhas veias é de um coração em desconcerto. E se pudesses arpejar nas minhas entranhas, com as cordas do teu violino, ouvirias em melodias as minhas juras de amor. Talvez tu me peças que me cale, e desejes que eu me desconcentre a procura de tuas mãos. Que não me eleve nos teus beijos. Que seja menos o teu homem. Menos a tua cura da solidão. Como posso fazer isso? Dizes que me confundo. Que não consigo enxergar que tu és livre. Que o calor que anseias esta longe dos meus braços. Mas o que vejo são teus passeios inúteis em ilusões. Teus segundos, pra mim tão necessários, dedicas ao mundo que furta a beleza do teus olhos. Dedicas ao mundo que te comprime ao anonimato quando deves ser grande. Preciso me reintegrar a existir sem tua pele. A respirar o ar pesado não filtrado por teu cheiro. Porém o que preciso mesmo é que te faltes o juízo e então já me ames. Que escolhas ter poesia além das cartas que escrevo. Que insista em ter poesia assim na alma.
Derramada, transbordante, inundada.
Leometáfora
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