sexta-feira, 30 de abril de 2010

Me dizes assim


Me dizes assim: “Me deixes livre! Não me acompanhe a todo instante! Não me sufoque com a tua sombra enternecida de minha imagem! Não me lembres a toda hora o rebento de amor que nasce em teu peito! Não me adules, como se nada mais te restasse além de meu sorriso!” Me dizes assim. Cheia de convicções e desejos. Meu olhar se comprime num ponto distante que pintar minha mente. Paro. No freio de meus pés rasgo o tecido rancoroso do asfalto. Um grande boneco sem sentido. João bobo tomado pelo vento das palavras. Então desequilibro, contudo não caio. Não caio porque há em todo demasiado amor, uma teimosia quase que infantil. Por favor, não me lembres de meus carinhos lacrando as paredes pra que na minha ausência um novo ar não te alcançasse. Para que a tua renúncia do mundo se equivalesse a minha em essência e quantidade.
Ah que vergonha de meu sentimento! De tê-los todos assim transbordantes! De nunca detê-los, na ânsia por te amar!

Leometáfora

Um comentário:

Danielle Souza ♥ disse...

Lindo o seu poema, primO! Sucesso ♥