terça-feira, 8 de junho de 2010

A Falta


Já na hora tardia, vou corrosivo, marchando calado .
Há dias, a dor lacrimosa, pinta obscuro o mofado.
Como outrora, fuji para o mundo, lá fora um jardim incolor.
Aqui, n alma, um travo amargo compondo o final duma flor.

Ah foi um sonho tão bom, o passado.
Mas loucura afinal, qual surgir tão culpado.
No odor colorido dos tantos sorrisos.
Vaga a marca pulsando dos talhos incisos.

Antigo, antigo.
Falta, toda dolorosa, fria.
Antigo, agora antigo.
Coração a costurar nostalgia.

Paro! Um chamado! Ouvi uma voz procurando, roubando a razão num "por fim."
Grito! Foi a mim? Inclino aflito, único suspiro, num minúsculo sim.

Já as bocas pasmarão confundidas.
Lá os camaradas não voltarão a cantar.
Cá as portas abriram aturdidas.
Numa falta quando não mais voltar.

A palavra partiu o significado.
Amor, um ópio tão mal tragado.
Contudo fica um ósculo, tal faltar sujo, incontido.
Contudo fica aqui, findos anos mal vividos.

Leometáfora

PS: Esse poema é um LIPOGRAMA. Não há em parte nenhuma do poema a vogal E.
Exceto no nome do autor, é claro.

•Um lipograma ( do grego lipo, "deixar, retirar") é um texto escrito em que, propositadamente, não entram determinadas letras do alfabeto;
é mais interessante se não se utilizar uma vogal.

Um comentário:

Adilson Jardim disse...

E, genial, como eu havia dito a você, que me ludibriou direitinho. Parabéns.