terça-feira, 4 de maio de 2010

Vazio


Hoje mora comigo a solidão nessa nova casa. Sem móveis, mas cheias de silêncios quando os gatos não namoram no telhado. Hora faz calor, hora minha carne se enrijece do frio de alguma madrugada. Nem sempre. Tenho sonhos azuis. Com céus e uma moça que amei há muito tempo. Às vezes tenho a sensação que a casa reverbera a minha tristeza. Põe os dedos sujos nas cordas da minha alma e faz da dor melodia e bossa. Nem sempre. Gosto do verde do pequeno jardim descuidado. Não sei quando os vizinhos vão limpá-lo, e eu até poderia se quisesse. Não quero. Meus olhos fundos pelas noites que me falta sono. Meus ossos rígidos por dormir no chão. Minha carne marcada pelo peso da minha renúncia de vida. Tudo é absoluto no único instante que desejo viver. Porém são poucos. Existem três exercícios diários que decidi não abrir mão: Ler um parágrafo, escrever um parágrafo, conhecer alguém. Não, não estou procurando arranjar um casinho.
Apenas gosto de aprender com os semelhantes, as diferenças.


Leometáfora

2 comentários:

Emilene Lopes disse...

Sofrer é um estado, viver é uma arte, és um verdadeiro artista...
Sinto sua falta no meu espaço, apareça.
Bjs com carinhos
Mila

Unknown disse...

amei...lindo d+