terça-feira, 9 de março de 2010

A volta


Deve ser de chuva o instante de tua chegada. Porque momentos assim são sempre nublados. Deve-se esse fato ao lirismo incorrigível do senhor do tempo. Algo de surpreendente virá em teus olhos que não poucas vezes foram lavados pelos atropelos dos dias. Os vizinhos que descuidados estiverem contemplando o frio na varanda, absorverão a alegria infinita de tua volta. Que importa se chegue fatigada, ferida, sem perspectiva. Destituída de alguns dos sonhos que me contastes. Que me importa tua pele ressecada pelo sol, pelos mares, por suas noites gozando a frio o calor dos segundos. Se mudastes de nome, ainda pra mim te chamarás Esperança. E vou te receber de uma alegria estúpida e risível. Que é o tipo de alegria que os que amam intensamente sofrem. Não quero escutar sobre teus passos passados. Quero o que daqui pra frente, construíres ao meu lado. Os tolos que condenarem a minha ausência de orgulho em recebê-la de volta, sentirão o prurido invejoso de verem em meu rosto o contentamento. As flores, atacadas de uma conversão de luz, se curvarão ao toque de tuas pernas cortando o jardim. As janelas, a tanto tempo abertas encontrarão o sentido da espera. E vou trocar o perfume guardado de tuas roupas antigas, pelo cheiro recente de tua pele, que será entranhado em minhas narinas.
Nesse dia não me faltará nada. Nada me poderá ser acrescentado.

Leometáfora

2 comentários:

Mamello disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mamello disse...

Meu nobre amigo!
Mas que belíssimo conteúdo!

Você escreve muito bem.

Parabéns!
Deus abençoe suas palavras.